Passárgada Square

domingo, junho 01, 2008

- But Sophie, why did you do it?
- We have just one life.

É, ela é meio louquinha, mas tem razão...

quinta-feira, janeiro 31, 2008



Eu não procuro nada. Eu só me ofereço...

Esse post é uma tentativa de voltar a ativa com este blog. Superincentivada por ex-tia Rachel, agora amiga Rachel!

sábado, janeiro 19, 2008

Test Drive



Marcelo e Sofia conheceram-se no aniversário de Monique, uma amiga em comum. Foram apresentados pela aniversariante e prontamente engataram uma conversa. Falaram sobre suas respectivas profissões - Sofia era publicitária e Marcelo trabalhava em banco, com mercado financeiro - de como haviam conhecido Monique e outras amenidades típicas de um primeiro contato.

Sofia não se sentia muito confortável na festa, onde predominava gente do mercado financeiro, profissão exercida também por Monique. Todos praticamente só falavam economês, em dólares, ações e não perdiam a oportunidade, mesmo que numa ocasião social, de negociarem e fecharem um contrato por ali mesmo.Contratos firmados, Veuve Clicquot rolando como se fosse água, gargalhadas bêbadas, palavrões e mulheres oferecendo-se. Era fácil ler seus pensamentos: "me passa uma boletinha amanhã pela manhã que eu abro as pernas pra você logo mais, seu velho careca".

O mundo da publicidade não era ingênuo, mas era impossível não fazer a comparação. Por lá os jogos de interesse não eram tão escancarados, o "toma lá, dá cá" não era tão imediatista, existia um certo profissionalismo e nele Sofia colecionava algumas poucas e boas amizades. Já aquele universo, até então desconhecido, soava escroto demais.

Marcelo criticava a postura dos convidados. Dizia que respirava aquilo o dia todo e fora do ambiente de trabalho recusava-se a tratar de negócios. Lançava olhares sedutores para Sofia, fazia comentários elogiosos, não deixava a bebida faltar em seu copo. Apesar de não ser o tipo de homem que lhe atraía de primeira, Sofia achou Marcelo agradável, atraente e passou seu telefone quando o rapaz lhe pediu, promentendo ligar para marcarem algo mais leve e divertido.

Passaram-se dois dias e Marcelo telefonou para Sofia, convidando-lhe para jantar, e logo após, dar uma esticada no Gallery, boate do momento em São Paulo. O moço passou para apanhá-la em casa e ao sair, Sofia espantou-se com o carro dele, uma Mercedes modelo esporte que aparentava ser último tipo, toda reluzente. Dentro do carrão tocavam os últimos lançamentos da House Music trazidos por ele de sua última viagem para a Europa.

- Essa música tava bombando na Grécia, sente a vibe!

- Agora vou te mostrar uma que tocava direto lá a Croacia!

Foram a um restaurante italiano de alta gastronomia e Marcelo não exultou ao pedir um Bordeaux de preço nada modesto. Sofia sentia calafrios só de imaginar ter que dividir a conta daquele jantar, boa parte de seu salário estaria comprometida em uma única noite. Começaram a conversar sobre vinhos e logo Marcelo convidou-a para viajarem para a vinícola boutique de um amigo se na Serra Gaúcha.

- A gente não vai naquele esquema turistão, ficamos na sede da vinícola, na casa da família. Outra coisa!

Sofia sorria não muito animada. Conta paga por Marcelo, para alívio de Sofia, seguiram para a boate. No carro, Marcelo sacou seu iphone e para não faltar assunto, Sofia perguntou como ele havia conseguido comprá-lo.

- Trouxe de Miami semana passada, fui passar o fim de semana lá. Amo Miami.

Sofia era uma moça de classe média-alta, de excelente bagagem cultural, conhecia os bons lugares, era bem relacionada, mas também sabia passar uma tarde de sábado comendo feijoada numa biboca na Casa Verde, ao som de roda se samba. Sabia usar salto alto e sandalinha rasteira, cultivava suas amizades independente do saldo bancário dos amigos, mas sim, pelo que lhe agregavam. Boa parte do frescor e da graça da vida, Sofia via exatamente nessa multipluralidade de pessoas com quem poderia conviver e situações distintas, porém todas valiosas, que vivenciava.

E com o discurso de Marcelo foi ficando claro que seus universos, apesar de não tão distantes, eram bastante distintos. Na rua da boate, um engarrafamento de carrões, enquanto o transito não andava, Marcelo beijou Sofia. Pelo menos ele beija bem - pensou ela. Na porta, aquele frisson, aquele burburinho. A espectativa de quem irá passar pela implacável seleção da esquelética hostess de sorriso ensaiado. Marcelo não precisava passar por tamanha humilhação. Deu uma nota de cem reais ao segurança, negociou um camarote e entraram por uma outra porta, destinada aos VIPs.

Ao entrarem na boate, Marcelo cumprimentava a quase todos os frequentadores, logo foi assumir seu camarote, onde garrafas de champanhe os aguardavam. Sofia achou melhor encarar o lado bem humorado da noite e começou a curtir. Afinal, aquela era a primeira e provavelmente a única vez em sua vida que faria um programa ao estilo Ilha de Caras. Ela até estava acostumada a ver rapazes desfilando com seus carros importados e uma loira lipoaspirada e siliconada a tiracolo, mas nunca havia estado dentro de uma situações destas.

Marcelo agarrava-lhe, distrubuía-lhe beijos cinematográficos, rodopiava com ela pela pista ao som de Billy Paul quando disse:

- Comprei essas luzes e boate, uma máquina de gelo seco e instalei lá na sala de casa. A primeira vez que ví aquilo funcionando chorei de emoção!

Dançaram mais um pouco, Marcelo continuou a beber - Sofia já havia parado e estava um pouco entediada quando resolveu ir olhar pela janela e viu um guarda de trânsito multando o carro de Marcelo, que estava estacionado em local proibido.

- Marcelo, corre, vem aqui! Estão multando seu carro!

- Relaxa, isso acontece, gata...

Logo em seguida, Marcelo solta a pérola da noite.

- Sofia, queria ter você mais umas duas horas desta noite comigo. Vamos dormir juntinhos, de colherinha, de calça jeans, mesmo.

- Podemos chamar também o Papai Noel e o Colhinho da Páscoa - respondeu sem conseguir disfarçar seu esbasbacamento, a moça.

Sofia era uma mulher bem resolvida sexualmente, não tinha nada contra o sexo casual. Desde que ele resultasse de um clima de sedução bacanérrimo, um bom papo ou com um daqueles homens que transbordam charme e não há mulher que resista.

Bem, na verdade, não existia uma receita pro sexo casual, o fato era que com aquele mauricinho babaca não ia rolar, ainda mais depois daquela fala que subjulgava sua inteligência.

Passou-se a noite toda e ela descobriu absolutamente nada sobre quem eralmente era ele, do que ele gostava. Tudo que sabia era sobre os bens materiais que tinha, suas ostentações. Marcelo não havia mexido com sua libido, pelo contrário, sua postura era broxante, e deviam ter centenas de patricinhas loucas pra transar com ele em troca de dar uma desfilada em sua Mercedes. Este papel não se encaixava nela.

Resolveram ir embora. Sofia recusou a carona e disse que pegaria um taxi. Marcelo ainda convidou-a para ir no dia seguinte para a praia e ela negou, pois teria um jantar de trabalho inventado no momento. Mesmo assim, ainda perguntou:

- O que você vai fazer com este frio e esta chuva na praia?

- Estou trocando meu barco. Vou lá fazer o test drive do novo.

Sofia teve a certeza de que aquela saída não passou de um equívoco e saltou pra dentro do primeiro taxi que passou na rua.

Marcelo seguiu para o Café Photo, prostíbulo de luxo do qual era habitué. Com sua Mercedes, seu i-phone, pensando na próxima viagem à Miami e no test drive do barco novo no dia seguinte.

quinta-feira, novembro 01, 2007

"Antes as pessoas não 'davam', mas se davam. Hoje elas 'dão', mas não se dão".

quarta-feira, outubro 17, 2007

Eu moro ali, na esquina do sonho com a razão. Ali, onde também moram meus amores.

sexta-feira, outubro 12, 2007


terça-feira, outubro 09, 2007

"Mas se dar de pouquinho era tão feio..."

***Frase genial da Cinira, colega do Terapia da Palavra.